sábado, 7 de agosto de 2010

Moradores denunciam abandono no único hospital público de Maricá

Paciente revoltado, reclama do atendimento. Indignado, aponta para o
prédio da administração do hospital.


A equipe do Jornal A Semana visitou o Hospital Conde Modesto Leal, no dia 03 de agosto.

Ali, vimos diversas pessoas que aguardavam por atendimento a horas. Muitos reclamavam da falta de profissionais e, até mesmo uma enfermeira nos disse que só havia uma pediatra de plantão e isso, os obrigava a atender em regime de prioridade, apenas as crianças com casos mais graves. 

Sentada ao lado da pediatria, vimos uma jovem com um bebê recém-nascido no colo. "Ele está cheio de catarro, mas, disseram que vai ter que esperar, porque não está com febre"
- disse a mãe.

Em meio a nossas entrevistas, um senhor, intitulando-se Superintendente do Hospital, mas, sem crachá ou qualquer outra identificação legal, veio até onde estávamos e perguntou com ironia qual era o problema. Dirigiu-se a uma senhora em cadeira de rodas e disse: "Esta senhora já é 'freguesa' aqui. Ela vem aqui pra ver as modas".

Diante de tal afronta à paciente em questão, insistimos para que ele falasse conosco e quando tentamos fotografá-lo, ameaçou nossa equipe: "Se tirar foto eu processo vocês"

Logo depois, diante das perguntas insistentes da repórter, disse em alto e bom som: "Eu não tenho nada a ver com isso aqui não" , mesmo tendo dito antes que era superintendente do hospital.

Isto mostra o quanto os moradores de Maricá têm razão quando dizem ter medo do hospital municipal.

Não há médicos suficientes, enfermeiros qualificados, o município não fornece medicamentos e a direção, tirando como exemplo o péssimo comportamento do superintentende, é, no mínimo, duvidosa.

Alguns pacientes que aguardavam atendimento com hora marcada com um mês de antecedência, mostraram que os exames pedidos pela profissional, tiveram que ser feitos em rede privada, porque o hospital não tem estrutura para realizar exames.

Perguntados sobre o que pensam com relação ao pronto atendimento do hospital e a emergência, a resposta foi quase uníssona: "Caiu aqui, morre!"

Acompanhem agora a matéria feita pelo portal G1.

Até médico da unidade registrou queixa por causa das más condições. Delegacia encaminhou registros ao Conselho de Medicina e Ministério Público.

Os moradores de Maricá, na Região dos Lagos, reclamam do abandono e das más condições de atendimento do único hospital público do município.

Uma adolescente grávida de 17 anos, que  não quis se identificar, contou que deu entrada no Hospital municipal Conde Modesto Leal com fortes dores. Mas ela só conseguiu ser medicada no Hospital Azevedo Lima, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

"Tem que ter uma intervenção. A gente está apelando, pedindo socorro para o Ministério da Saúde, Conselho Médico para interferir porque não é mais possível continuar assim", desabafou a coordenadora da Pastoral da Criança, Primavera Aquino.

Na unidade são muitas as reclamações. Uma dona de casa disse que só conseguiu um dos medicamentos prescritos pelo médico para tratar uma virose da filha. As denúncias foram parar na delegacia. 

As reclamações feitas por pacientes e por parentes de pacientes dão conta da falta de equipamentos e de especialistas. E até os próprios funcionários já apresentaram queixa contra a unidade de saúde na 82ª DP (Maricá).

Num boletim de ocorrência feito no fim de semana, um médico informou que ao assumir o plantão o quadro de profissionais estava incompleto e que faltavam medicamentos. Por isso, toda a equipe decidiu fechar a emergência.

De acordo com o delegado Sérgio Caldas, os registros recebidos na delegacia já foram encaminhados ao Conselho de Medicina e ao Ministério Público, que devem apurar as denúncias.

Na unidade, o responsável pela atenção hospitalar, Luis Otávio Costa Filho disse que a prefeitura está se preparando para contratar profissionais de saúde. O médico acrescentou ainda que oficialmente a prefeitura ainda não recebeu denúncias contra a unidade.

"Se for procedente qualquer reclamação dessas, a gente vai tomar providência e encaminhar, enfim, e até melhorar no sentido de ter um corpo médico maior", disse ele.

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