quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A cultura de rua invade Maricá


Cultura de rua, arte e improviso. Desta mistura, nasceu o I Encontro de Esportes Radicais e Cultura Hip Hop, que aconteceu na Praça Orlando de Barros Pimentel, em Maricá, no último domingo, 19 de setembro.
O evento foi realizado pelo pessoal do selo Revés, da cidade de Nova Friburgo, com o apoio da Prefeitura de Maricá. Na cidade serrana, o encontro já acontece periodicamente. Em Maricá, os artistas locais, que apareceram em menor número; a maior parte das atrações era de Friburgo.
            Um palco foi montado ao lado da Casa de Cultura, mas isso não impediu que algumas apresentações fossem realizadas perto do público. No outro lado da praça, uma galera grafitava parte da parede externa do anfiteatro; e bem perto, em um trecho (interditado para o evento) da Rua Domício da Gama uma rampa foi montada para a prática de skate e patins.
            Durante todo o encontro, o público pode conferir a diversidade da cultura hip hop, com a presença do MC (mestre de cerimônias); dos b-boys, os dançarinos de rua e o DJ, que deu todo o clima ao ambiente. Entre outros artistas, a dupla D-Ecyeme & Chaulym MC, do Revés, conduziu o show musical da noite.
            Quem dá mais um exemplo de diversidade é Marcel Pereira Pinto, o Marcel MP, que realizou sua apresentação ao som de temas cristãos e sociais, com a leitura da Bíblia. O artista é evangélico e líder de jovens da Igreja Internacional Ágape de Friburgo. Segundo ele, o preconceito contra o hip hop e a arte de rua ainda são muito fortes; mais ainda contra o hip hop gospel, principalmente por parte de evangélicos conservadores.  
“A minha expectativa como cristão é que aqueles que não conhecem a Palavra de Deus queiram conhecer de uma forma diferente. A minha expectativa com esse movimento underground, alternativo, é que as pessoas vejam o alternativo realmente como arte. Por exemplo, o DJ até hoje não é visto como músico, só porque ele fica com a pick up, é mais eletrônico. Então muitos não consideram o DJ como músico, mas ele realmente é um músico, porque faz as batidas, faz as produções, ele tem que ter uma cadência musical, tem que ser, bem ou mal, eclético pra poder montar todo o aparato e fazer a festa funcionar. Porque sem ele a festa não funciona.”, ressalta.
            Outra atração do evento foi o grupo Supremacy Soul Group, formado por sete jovens com idades entre 16 e 32 anos. Mostrando todo o entusiasmo após uma apresentação em que mesclaram diferentes modalidades de dança de rua (b-boy, pop, free style), os meninos disseram que estão juntos há apenas dois dias e a coreografia do evento foi elaborada de madrugada.
Também evangélicos, os meninos acreditam no valor da arte para desenvolver uma vida saudável e demonstrar os valores em que acreditam. Há, inclusive, quem já tenha usado o dom para ajudar jovens carentes. Mas a voz é unânime em torno do desejo de ter o hip hop como um verdadeiro “ganha pão”.
Fazendo coro aos meninos em torno do valor educacional dos movimentos culturais, Kylcilla Maria, irmã de um dos organizadores, destaca como um evento de apelo popular é importante para a cidade.
            “Turista quer o quê? Quer vir para um lugar que tenha eventos. Se a cidade não tem nada pra fazer, o turista não vem”, opina e acrescenta: “a população tem que reivindicar esse tipo de coisa. O prefeito tem que ter visão, fazer festivais de música” Conclui.
Fica aí a dica para a administração local. 

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